sábado, 6 de dezembro de 2014

Sabe, B.? Não é você que tem que pedir perdão. Quem tem mesmo que se desculpar sou eu. Te rodeei com uma teia de olhares, acariciei teu rosto sem ao menos lhe tocar com as mãos, iludi você por um capricho inicial e ao mesmo tempo sem querer... Você, um homem machucado pelas pancadas da vida, um homem abandonado pela mulher que amava cegamente.

Me perdoa pelo meu perfume, pela minha brisa matinal que te levava a outro mundo, pelo meu pseudo desprendimento e falsa humildade que o fez pensar que eu era a mulher ideal para viver a vida contigo.

Sabe, B.? Meu aroma, meus olhares, meu cabelo e meu sorriso foram cuidadosamente preparados, assim, como um embrulho para que eu entregasse ao alvo da minha próxima aventura, mas me desculpe, a caixa chegou a sua porta por engano, havia sido endereçada a outro lugar. O correio vai entregá-la ali no prédio onde piso todos os dias, a um homem que vai me dar aquilo que o seu físico franzino, sua humildade e seu carinho desinteressado nunca poderiam me oferecer.

Sei que você quer me dar um namoro, uma aliança, mas isso é sinônimo de prisão para mim. Ia querer me dar carinho respeitoso e puro, porém quero alguém que me seduza a ponto de me deixar louca e me levar para a cama. Ia querer fazer um desenho na sua parede do sistema solar que estava no sonho que lhe contei, e depois se eu levasse adiante ia me levar a um casamento tradicional e amoroso como teve a minha avó. Íamos fazer viagens aos fins de semana para São roque, você ia me dar suco de uva e teríamos dois filhos. Você ia me incentivar a fazer uma faculdade, se formaria em engenharia química, e toda vez que chegasse do trabalho ia ver os bebês no berço, eu estaria cheirosa de banho tomado para receber tuas carícias e dormiríamos de conchinha.

É um sonho para muitas. Mas não para mim, não agora. Como pode ver, falo como mulher mas sou uma menina, uma moça e não estou pronta para viver isso, ir na igreja contigo aos domingos, falar e falar de Deus, não, não, não agora, e talvez eu não deseje isso tão cedo.

Você disse que eu sou uma luz no seu caminho,mas pelo amor de Deus, não se engane: está se deixando guiar por uma miragem enganadora.


Enquanto escrevo esta carta que nunca vai ser entregue a ti, converso com uma garota do Rio de Janeiro, nos duas sonhamos com o dia do nosso primeiro beijo (sim, gosto de mulher) e março encontro com mais dois rapazes, todo mundo sem estar ciente de que não obtêm a exclusividade.

Quiçá valho menos do que a sua amada que foi embora.

Sabe, B.? aquele homem tem olhos que me devassam a alma! Tem uma boça que me apetece o beijo, e um corpo que me estimula o pecado. Tem uma fala mansa, malemolente, uma aliança de ouro no dedo esquerdo que vou fazê-lo macular, uma insossa a qual o forçarei a trair, vida de aventura vamos oferecer um ao outro no total anonimato.

E quando tiver minha kombi (algo que não vai demorar) se ele quiser o levo junto, ele vai me compor musicas e seremos um casal de vagabundos de relacionamento aberto que mata a sede na saliva, a fome na arte.

Sei que isso pode não passar de sonho, posso me dar mal e sofrer, mas quero viver se puder, e acaso não puder passo para o próximo.

Se quiser, deixe tudo preparado para quando eu voltar e na terei experimentado todos os quadris, em todos os cenários, e então será o chinelo velho para os meus pés cansados de tanto caminhar pelo mundo.

Mas não o aconselho a esperar, posso ficar submersa nessa loucura para sempre e não quero lhe arrastar para o meu abismo perverso.

Não o aconselho a esperar. Encontre uma menina pura de coração e se apaixone. Posso não voltar.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

>> Espera


Teus olhos me chamam
Tímidos de mentira para me atrair
Te olho de perto
Não penso no certo
Te faço a vontade surgir.
Dessa vez não penso em fugir
nem resistir
Me leva agora daqui.

Minhas pernas tão bambas
Tuas mãos tão insanas
profanas
viajam
por mim

Teus braços me enlaçam
devassam
abraçam
minhas vistas
perseguem
embaçam
você

Teu lábio delicia
Tua língua acaricia
Malemolente isca
Para que eu te permita
entrar sem bater.
Perdulário perfume
Usurário perfume
Abusar da minha inocência
Que nem é tanta
Pra trazer
teu prazer

Me acaricia com jeito
Isso me aquece o peito
Te enrijeço
Te ofereço
o que ninguém tocou jamais
Tu me empurras contra si
Faço ruir teu arfar:
Não precisa mais resistir, meu rapaz

Te permito sentir a quarta parte do meu sabor
Já que eu sei:
do que tu tens aí
nunca provei
Mas quero experimentar agora
Meu amor

Teu corpo me aquece
Minha pele apetece
Teu carinho aparece
pra desvendar tudo em mim.

Tua saliva me molha
como a chuva que espalha
chacoalha tua água
no meu jardim

Ressurge meu fogo
nesse ardoroso jogo de tomar-me no fim.

Me pega de frente
me faz não ser gente
me torna animal, fera para sentir
O prazer de arrepiar
O calor de jorrar
Tornar-me mulher pelas tuas mãos
Enfim.

Valentina Diaz

(Todos os direitos reservados)

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

PRECES DA MADRUGADA


Eu queria escrever. Mas não tem uma caneta por aqui, então eu vou ter que me contentar em bater a cabeça dos meus dedos nessas  teclas pra desabafar. Hoje eu não to a fim de seguir a norma culta. Se alguma palavra aqui sair certa, é trabalho do autocorreção do Word, não meu.

Não posso dizer que estou chorando, pois seria uma mentira demasiado dramática. Meus olhos estão tão secos quanto as minhas esperanças em tudo isso, sinto que dessa vez o fechar das cortinas será semelhante aos outros, pesando o barulho de um bom quebra-pau. Mas prefiro que termine no grito mesmo, e seria melhor ainda se tivessem palavrões e falta de respeito, porque ao lembrar isso, essa tristeza se converteria em raiva, e eu jamais teria saudade dos momentos bons, e aí eu teria a coragem de colocar tudo o que ele me deu numa lata e tacar fogo (até mesmo sob risco de incendiar a casa sem querer).  Tenho que agüentar as trombadas que dou naquele coração escrito “eu te amo”, trombar com aquele creme cheiroso que me deu da natura, não posso fugir dos cheiros de perfumes masculinos na rua... Ver aquela carta gigante enrolada em um canto e aqueles brincos que não tenho mais coragem de usar.

Mas tudo que resta é mágoa, assim concentrada, assim, em estado puro e sufocado, sem adição de água ou conservantes. E zero por cento álcool, zero por cento açúcar só pra piorar, pra afundar de vez. Veneno amargo que ta foda de engolir, porque engolir, pra mim, significa perder, e eu nunca fui boa perdedora, desde criança.  Nó na garganta e queimação no peito, a forma exata de definir a angústia.

Você tentou me engolir com as palavras. E eu gritei mais alto que você, pra simplesmente dizer “chega” “some” “vaza”. “você não precisava ter me tratado assim”. “é? Você também não precisava ter me feito de otária esse tempo todo (e mesmo assim ainda fui muito compreensiva com você)”. Chega uma hora que a gente cansa de cobrar.  E logo depois, finalmente chega o estagio que a gente cansa de engolir. Se quiser garganta profunda, vai procurar num filme pornô querido, porque a minha garganta é muito da rasa, do tipo que não aguenta engolir desaforo.

Eu ando errando demais no trabalho (muito mais do que o habitual), não ando dormindo direito, meus sonhos são sempre rodeados  de situações que não lembro, mas que são muito difíceis e da uma agonia de não conseguir sair, é minha mente dizendo “Valentina, você esta se enganando demais. Você não superou, viva esse luto e tenha paciência com isso”.



 Não. Não vou viver essa porra, essa merda de luto. Luto em relacionamento é coisa de gente babaca, assim como sofrer por isso é coisa de gente fraca, eu me nego a admitir minha tristeza. Me recuso, me esquivo o quanto puder, porque luto realmente deve ser sentido quando é definitivo, personificado na morte. A morte e a doença são as únicas dores reais que podem se abater sobre a nossa vida, o resto todo é balela possível de ser escondida, reprimida ou confessada pra um padre, afogada numa dose de vodka, porque já percebi: so mata a dor algo que destrói você de algum jeito. A arte ameniza a dor, mas já percebi que não mata não.

Antes minha esperança era a foto. Agora ate a foto você apagou. Apaga. Apaga o caralho todo, aproveita e apaga também a marca invisível que a sua mão deixou nos meus seios, na minha cintura, pra onde eu as conduzia, e por mais que eu tome vários banhos por dia, de aflição só de lembrar, porque suas digitais têm micro facas que queimam a minha pele, sendo que antes tinham plumas que acariciavam.

Dá uma vontade de gritar no meio de tantas pressões! “Eu preciso mudar a minha vida””
“eu preciso superar” “eu preciso ter amigos” “eu preciso me ocupar” “eu preciso fazer meu trabalho certo”. Dá vontade de gritar, mas dessa vez eu calo, e as lágrimas caem como válvula de escape ineficaz, porque sinto como se um veneno estivesse sendo injetado quando faço isso. Planos escorrendo para o ralo.

Rezo de madrugada pra você voltar. Acho que sou meio bruxa, tudo se realiza quando eu acendo uma vela e rezo aos sussurros de madrugada, com o quarto parcamente iluminado pelas luzes bruxuleantes. Mas eu tenho tanto medo de isso não ser o melhor pra mim. Medo de você voltar e nós dois caminharmos para o buraco de novo, e haver mais sofrimento inútil. E por isso minha prece não se realiza: por medo daquela frase do “cuidado com o que você deseja”.

Enquanto isso eu espero e feneço, segurando o choro para não parecer fraca, colocando a mascara de feliz para ver que, mesmo depois de acabado, quem ainda manda nisso tudo sou eu. Sempre serei eu quem dá as cartas, mesmo que a minha alma esteja em pedaços.


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Medusa Moderna

Como Medusa, eu me escondo. 

Não dirija seu olhar para mim, teus olhos são a arma, a lança que perfura meus sentimentos e me fazem chorar, por dias, meses, anos, em um quarto escuro. Sempre amei a escuridão, porque ela me abriga, acalanta, protege, esconde dos perigos, das chacotas, dos estupros, dos assaltos, das zombarias e do ódio. Na penumbra simplesmente deixo de ser eu mesma, para me tornar a imensidão daquele espaço negro, do qual não posso nem mesmo vislumbrar o começo ou o fim, saber se é dia, noite, ou quanto tempo se passou ali dentro, é tranquilidade pura. Imploro, e ordeno: Não abra as janelas. Com as janelas escancaradas os raios solares invadem a alcova, e esses raios revelam toda a minha feiura, trazem às claras tudo o que pode fazer seus olhos e risadas sarcásticas me jogarem à lama com um só golpe.



É melhor mesmo não saber que horas são, tirar a pilha do relógio, as horas nos aprisionam a compromissos, e essas consultas com hora marcada, esses trabalhos com horário definido de início e fim de expediente me provocam uma agonia asfixiante, é o desespero de estar na linha tênue de não saber se vai ficar vivo ou morto, ou de ficar aprisionada a um sofrimento lento do qual não se pode achar uma escapatória, e fica ali, queimando em carne-viva. 

Transporte amontoado de gente, calçadão nos quais esbarramos os braços, levamos golpes de bolsas pesadas das pessoas apressadas. Cada um preocupado com o seu umbigo, eu sei, mas parece que tudo está montado numa armadilha ali, que a qualquer vacilo meu, numa forma errada de caminhar eu esbarro na alavanca e a multidão irá me jogar tomates, ovos, me deixar fedorenta e ridicularizada, com faces de desdém, pena, zombaria e desprezo - os sentimentos que mais odeio receber.

E fiz dos meus olhos um portal pra morte, e para quem não respeita a advertência colada na minha testa, eu mato sem dó, sem ao menos ter tempo de pensar. 

Saudade do tempo em que orgulhava-me dos meus cabelos, hoje são somente serpentes venenosas; saudade do tempo em que eu ostentava a beleza estonteante, e mesmo com a minha ousadia arrogante, não era motivo para me ferirem assim, me transformarem nesse monstro horrendo.

Odeio os homens, pois se aproveitaram de mim, violentaram e sugaram até a última gota do meu néctar.

Odeio as mulheres, por se vingarem de mim e me converterem nessa criatura horripilante da qual chego a ter profunda vergonha. Um ser assexuado eu sou. A orientação sexual é o ódio, somente.

Aguardo sem esperança pelo dia que meus olhos deixarão de ser veneno letal e paralisante, pelo dia em que poderei voltar a ser pura e simplesmente: Gente.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Quando as duas letras "S" começam a doer

Saudade do tempo que eu vivia rodeada de gente. Íamos em dez só para andar no pátio. Íamos em sete para apresentar trabalhos, e o barulho das nossas risadas ecoavam pela quadra, vindo por detrás do mato. "O que está acontecendo aí atrás? Estão fumando maconha? Bebendo?".

Estávamos usando uma droga altamente perigosa: Um coquetel de companhia destilada com um punhado de alegria. Droga que vicia, que causa uma crise de abstinência tão grande quanto o prazer que se efetua quando ela circula junto ao oxigênio nas veias. Grandes ceias eram feitas com apenas uns centavos de cada um, e não importava o meio de transporte, a atenção era nossa mesmo sem querer. 

Quantos fatos as escadas rolantes - ou imóveis - puderam ver... tombos, risos. E as cadeiras presenciaram confidências e choros. E as calçadas ouviram as vezes que contamos nossas novidades profanas-inocentes: muito jovens para serem adultos, muito velhos para serem crianças. Meninos sem pudor e com intensidade desnorteadora. Era aquilo que representávamos. 

Cadê vocês?
Nas noites frias, para reclamar sorrindo do vento gelado na cara...
Das noites quentes, pra falar sobre os amores, as intrigas.


Cadê vocês?
Nas tardes em que eu saía correndo, e eu mal pude aproveitá-los. Me estressei a toa, perdi tempo precioso com embates desnecessários. Brigamos sim, mas nos amamos demais naquelas paredes, quando sentávamos na escada, quando matávamos tempo no shopping.

Demorei para sentir saudade, mas quando senti, ela veio pra doer fundo. Lembram-se de mim? O S da saudade e o do início da solidão se juntam, num vácuo silencioso no peito, porque antes o coração batia de entusiasmo, só de vê-los chegar. E agora, ninguém vai caminhar na minha direção. Estamos ocupados demais, cada um cuidando da própria vida, na qual, um para o outro somos apenas lembranças. 

Quando vejo essas fotos de amizade, esses grupos diversos andando pela rua, essas demonstrações de carinho, penso: Quando foi que nos afastamos tanto?

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Waka Waka

O tampão tá fora da minha cabeça, meu Deus, e não é de hoje. Sobra vontade de fazer as coisas mas os calafrios percorrem meu corpo, a fraqueza invade, a insônia ou o sono tortuoso fazem festa rave com direito a todos os narcóticos naturais feitos dos hormônios que rodam na minha corrente sanguínea.

Deito a cabeça no travesseiro e peço: Shakira, para de mover seus quadris na minha cabeça. Amo ver você dançar, mas francamente, no silêncio do quarto o barulho da sua voz o solavanco dos seus quadris que fazem pul-pul-pul seguindo o ritmo de Ojos Asi ou Waka Waka me deixam surda. Louca em todos os sentidos possíveis. Num limbo cheio de vórtices já não sei quem sou eu, a vertigem me toma e eu não estou falando de modo figurativo, aliás quem me dera. 

A atenção voa pelos planetas do sistema solar, nas galáxias vizinhas  e com o corpo na Terra parado sou uma morta viva. "BOM DIAAA PICATCHU, ACORDAAAAA, PRESTA A ATENÇÃO" - diz o chefe aumentando a voz vendo que já não estou mais aqui, na tentativa de me fazer despertar. 

Irritada não quero falar com ninguém. Nem pai nem mãe nem Loro nem Namo. Mas a culpa não é deles não é minha: Não é de ninguém. É do meu corpo, da alma que se revolta e recusa a obedecer, meu espírito é uma tempestade que jamais se cala, e dá nisso. Um vulcão erupcionando - fala-se assim? ERUPCIONANDO.... palavra nova.


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Arco Íris, a Mídia e o Mercado Literário: O que você acha ?

Acompanhar filmes que retratam a nossa realidade é algo realmente fabuloso, que tornam público sobre o cotidiano às quais nem sempre se tem acesso de modo profundo, como é ser homossexual ou bi, o que se passa nesse universo tão simples, mas que alimenta tantas animosidades contra esse modo de ser, tanto da ciência como da religião.

Adèle e Emma (Interpretadas por Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux respectivamente) no Longa-metragem premiado no Festival de Cannes"Azul é a Cor Mais quente")
Ver que o horário nobre também passou a importar-se com o nosso cenário nos faz pensar que não deixa de ser uma mudança positiva para a sociedade o fato de o assunto ser mais abordado, pois talvez dessa forma, daqui alguns anos, os casais gays sejam vistos da mesma forma normal que os casais heteronormativos. É uma forma de entrar em uma intimidade fictícia para ver que a coisa não é assim tão feia, anormal e imoral quanto pintam aos gritos nos templos (pelo contrário: o amor é sublime, seja qual for a forma que se manifeste).

Casal Félix e Nico na novela global "Amor à Vida"


E você, o que acha disso? De o arco-íris estar tomando espaço na arte, nos meios de informação? O que acha do fato de assuntos relacionados ao arco-íris LGBT estarem cada vez mais em evidência?

Elena e Peyton no filme "Elena Undone"


Homofóbicos dirão que é o fim dos tempos, que terminaremos em chamas assim como Sodoma e Gomorra.
LGBTs terão pontos de vista como o que eu listei acima em sua maioria. E outro grupo dirá que a relação entre pessoas do mesmo sexo não é nem de longe parecida com essas versões amenizadas que vemos nas novelas, com esses selinhos insossos, que é falta realismo pois na vida real é muito mais intenso (na minha opinião, nos filmes eles conseguem passar mais realidade do que nas novelas).

É claro que o mercado literário não ia ficar de fora dessa, como aborda a matéria do site O Globo à seguir, no link: http://oglobo.globo.com/cultura/livros/editoras-apostam-em-literatura-infanto-juvenil-gay-13244487

Já falei o que há de "nooooosssaaa que maravilhaaa" nesse movimento, a identificação que eventualmente possamos sentir. Mas as vezes tenho a impressão (que pode ser equivocada ou não) de que a mídia, e os veículos de informação estão se aproveitando disso para encher os bolsos de money. Ok... quem não quer sentir nos bolsos o barulho de moedas de ouro batendo umas nas outras?? Eu quero...



Da mídia eu não me espanto, sério. Mas o mercado literário anda muito robotizado e interesseiro pra mim, andam falando sempre dos mesmos assuntos... Igual na época em que usavam a temática sadomasô para tornar 50 Tons de Cinza um best-seller, e logo em seguida vi mais e mais autores apostando as fichas nisso, perdendo a originalidade para o poder monetário. E a escrita é um sacerdócio. Sacrilégio é simplesmente se vender para uma editora. Parar de escrever o que gosta só para enricá-los ainda mais. Que fique claro: Não coloco em dúvida a qualidade sobre esses livros, afinal de contas, nunca li deles nada além da sinopse. Talvez futuramente eu faça resenhas sobre eles).

Talvez ALGUNS dos escritores nem queiram mesmo escrever sobre o assunto, e simplesmente seguem o fluxo, a tendência do momento. E infelizmente - ou felizmente para alguns casos - muitos leitores acabam seguindo aquilo que leem. Vai do psicológico de cada um. Alguns acabam não sabendo separar a realidade da ficção, como naquela polêmica obra de Goethe, chamada "Os sofrimentos do Jovem Werther ", o qual virou febre em seu tempo, e muitos suicídios em massa de jovens que leram o romance foram documentados. 


Nesse caso, eu diria que o único lado ruim de colocar a homossexualidade em tudo, é que muitas pessoas que não nasceram com essa tendência homossexual acabam fazendo só pra seguir a moda do momento, e na maioria das vezes, fazem de uma forma que acaba denegrindo a imagem dos homossexuais, e ao invés de termos uma maior aceitação por parte dos homofóbicos, podemos presenciar uma maior repulsa por parte de quem tem preconceito. A frase que mais escuto, e que mais me dói ouvir é "Nossa, agora é moda virar viado" . Temos gente famosa e sem cérebro falando esse tipo de coisa, influenciando a massa a ter uma visão negativa da questão. Em primeiro lugar, não se diz essa palavra, é um insulto. E em segundo, não se diz que a pessoa "virou" algo, pois na ciência ainda não foram comprovadas as razões pelas quais indivíduos podem sentir atração pelo mesmo sexo, se eles nascem assim ou são influenciados pelo ambiente (eu acredito que seja de nascença), portanto, não saia dizendo o que não sabe.


Como já foi dito, acho maravilhoso o fato do silêncio ter sido quebrado a respeito disso, pois sou muito interessada nessa causa e nessa luta. Mas por vezes mostrar a homo e a bi como moda mais atrapalha do que ajuda. Tem que ser um processo natural, vagarosamente, para que seja aceito como uma realidade comum.

E você? O que acha sobre?