segunda-feira, 5 de maio de 2014
Marca
A água cai do chuveiro
Faz eu me perder em sensações
Olho para o reflexo no box embaçado do banheiro
E meu olhar se torna
marinheiro
Navegante da minha pele molhada.
Minha pele é documento
Relato vivo de cada instante
Ela é rastro, gosto
de cada amante que aqui passou
Não é intacta como pensam
mas é tecido onde, sem permissão
Não se pode
Tocar
Na minha pele
Não tatuo
Nela não há furo
Porque a vida se atreveu a tatuar
Com a agulha não esterilizada das circunstâncias
Tatuar com arranhões os tombos que
levei
arranhões que não sangram
Cicatrizes
que não doem mais
ferimentos que ao nascerem arrancam lágrimas de
dor
trazem como recompensa a sabedoria daquele que sentiu
na carne
E não é mero espectador
Pele que cora na timidez
Sua na tensão
Arrepia com o
estímulo
Sente o efeito do aumento na circulação
Treme com a febre que vem do âmago
Delira na
alucinação
Perde a cor na tristeza
Amorena-se ao sol
transforma-se em beleza
depois do sono reparador
Se desespera
e prepara
no medo.
Se encolhe nos dias frios.
E ao mesmo tempo que transborda
fogo
implora
calor.
E ao mesmo passo que sente
Exala e
implora
sabor.
Sofre com os efeitos com feridas e acnes
Pela falta de
amor.
Não é falta de romance, e sim
falta daquele amor que vem de dentro de si.
Pele clara nas regiões que se expõe
Tão negra em lados que se contrapõem
Revelando
a tendência de procurar a noite em claro, insônia, escuridão.
Quando crianças, é perfeita
e ao crescer ela muda
para narrar nossa trajetória
nas rugas de preocupação que
ficam
na memória.
Descreve a alma
cheia de caminhos, anseios
espinhos
que moram dentro de ti
És a prova
que da imperfeição também se
tira poesia
Que da emoção é que se vive
Que o sentimento testemunhado é
o momento guardado
Que fica
Pra sempre
Marcado na pele
Aqui.
(Codenome: À Flor da Pele)
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